Graças a ti, Senhor!
Vemos o céu e a terra, a parte corpórea,
tanto superior como inferior,
e a criatura, feita de espírito e de corpo.
No ornamento dessas partes que compõem o universo,
vemos a luz criada, distinta da treva.
Vemos a beleza das águas que repousam nos mares,
e a terra árida, nua ou coberta de adornos,
mãe das ervas e das árvores.

a lua e as estrelas que confortam a noite;
com eles se mede e se indica o passar do tempo.
Tua criação canta em teu louvor, para que te amemos,
e nós te amamos para que a criação te louve.
Todo o criado tem início e fim no tempo,
origem e decadência, perfeição e defeito,
potência e limite;
tem também sua manhã e a tarde que se segue,
secretamente ou sob a luz.
Foi criado por ti do nada, não da tua substância;
não de algo alheio a ti, ou anterior a ti,
mas de uma matéria concreta,
criada por ti ao mesmo tempo em que lhe davas forma.
A matéria do céu e da terra é uma coisa,
outra coisa é a beleza do céu e da terra;
tu as criaste juntas,
de tal forma que não há intervalo nenhum entre matéria e forma.
Santo Agostinho
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